sábado, 7 de março de 2009

O idioleto - a contribuição milionária de todos os erros, como falamos, como somos


Sábado, 07 de março de 2009, por volta das 13 h, vão de trem da Linha 8 - Diamante, da CPTM:


Homem falando, em tom empostado e em voz alta:


"- Pessoal, no outro vagão foi um sucesso. O Lula concordou e agora você pode ter, por apenas 1 real, o mais completo manual com as regras do novo acordo ortográfico da língua portuguesa. Não deixe de contemplar a sua família com esse ilustrativo material. Por apenas 1 real você verá as novas regras de acentuação, colocação do hífen, novas letras inseridas no alfabeto, abolição do trema, não acentuação de ditongos em palavras paroxítonas, não acentuação dos hiatos, além, é claro, das palavras que perderam o acento diferencial..."


Ao longo do vagão, o homem recolhia patacas de 1 real, dadas em troca do preciso manual. Melhor seria que o povo reconhecesse de vez que o idioleto brasileirês archaico não aceita "acordos" gestados em fardões, nos gabinetes; o povo sabe (e vive) o que o poeta Manoel de Barros chama "idioleto", o "dialeto que os idiotas usam para falar com as paredes e as moscas". De minha parte, não renunciarei ao idioleto panapanês archaico, construído e degustado no vivido.
Na imagem acima (disponível em http://www.claudiohumberto.com.br/Portals/8/2006/03_marco/umbigo%20lula.JPG), Lula, antes de ser presidente, antes de assinar "acordos" [h]ortográficos, praticando o idioleto.

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