terça-feira, 7 de setembro de 2010

As flores no chão


“Você não sabe o que é a quantidade de secreção que sai de um ser humano quando ele apanha.”
Dilma Roussef à Folha de S. Paulo, em 05de abril de 2009.



No momento em que a “oposição” ao atual governo federal ameaça (da forma mais baixa possível) usar a participação da candidata Dilma Roussef na luta armada contra a ditadura militar, lembro-me não apenas da frase acima estampada e da resposta dada ao senador José Agripino Maia (PSDB), oportunidade em que a então ministra respondeu ter orgulho de ter mentido em depoimento ao militares (quando não era possível nenhum diálogo).
Bastaria a resposta dada a Agripino e os opositores da candidata Dilma – se tivessem o mínimo senso do ridículo – deixariam de insistir na equivocada ranheta da “Dilma terrorista”. Embora eu seja daqueles que vêem o atual PT e PSDB como parte de um mesmo projeto político (com divergências performáticas), seria bastante oportuno questionar o que fez José Serra enquanto Dilma participava de um movimento guerrilheiro. Na mais explícita tática “vou salvar a minha careca”, o embrião de vampiro rumou para o Chile, onde se casou com uma chilena Allende (Mônica Allende, a esposa de Serra, não tem parentesco com Salvador Allende), talvez como forma de tentar, por um sobrenome, se afirmar como alguém de esquerda. Em vez de debater um projeto para o país, talvez porque tudo já esteja definido e as eleições sejam apenas um ritual insípido, inodoro e incolor, a “oposição” se dedica à desqualificação pessoal.
Somente uma crueldade sem limites poderia explicar o uso de alguém ter sido vítima da tortura como forma de desprestígio pessoal. A sensibilidade de imaginar quanta secreção sai de um corpo sob tortura, confesso, nunca tinha me ocorrido, até a frase de Dilma. Se até aquele momento, ela não tinha motivos para a minha admiração (como de resto inexiste em Serra, muito pelo contrário), a sensibilidade usada para comunicar a mais asquerosa das vivências fez-me admirá-la.

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