Os humanos enviam sinais que poderiam ser reconhecidos por alienígenas?
Com certeza! Enviamos sinais o tempo todo. Todos esses programas de TV são transmitidos para o espaço. A TV é o tipo de sinal mais comum, mas pode ser qualquer outro. Existem muitos outros tipos de comunicação acontecendo localmente e a maioria das ondas vai parar no sistema solar e até fora dele. Não sei se existem alienígenas tentando detectá-las, mas estamos emitindo sinais o tempo todo.
Roger Blandford, astrônomo britânico, diretor do Instituto de Astrofísica e Cosmologia da Universidade de Standford, EUA, em entrevista ao panfleto fascista Veja
Foi em 1955 que uma dupla caipira paulista – Palmeira e Biá – fez grande sucesso com uma música denominada “disco voador”. A música caipira nunca vira tamanho arroubo intergalático – “Tomara que seja verdade/ Que exista mesmo disco voador/ Que seja um povo inteligente/ Pra trazer pra gente a paz e o amor...” O que parecia, à primeira vista, ser algo distante das preocupações do homem do campo ou que parecia ser temerário ao bucolismo do “luar do sertão”, era então, por aqueles tempos, entoado positivamente. O vanguardismo de Palmeira e Biá (“Palmeira” – nome artístico de Diogo Mulero, nascido em Agudos/SP em 1918 e falecido em São Paulo/SP em 1967 – é autor da letra) deve ter causado perplexidade, visto que além da temática, na letra há inclusive gíria urbana – “tem gente que [...] acha que é fita os mistérios profundos” –, ainda que sob o reinado da viola.
Mais recentemente, aquelas mentes que não houverem sido acometidas de esquecimento supostamente decorrente de determinadas ervas lembrarão de Raul Seixas, em um quarto de pensão, tentando uma transmutação, dando como certa a existência do disco voador e de seus tripulantes, ecoando no ar um “oh!-oh!-oh!”, chamando de “seu moço” o tripulante do disco voador, pedindo que o levasse para quer que fosse. O desespero de Raul, louco para ser levado para uma das tantas estrelas por aí, é digno dos píncaros de São Tomé das Letras (e não de um mero quarto de pensão), onde há o mito sempre cultivado de que se conhece outras galáxias sem sair do lugar.
Mais recentemente ainda, os subterrâneos da radiofonia brasileira foram chacoalhados pela voz estridente da tatarana Joelma (de uma banda de forró cujo nome mais apropriado seria KY) dando conta de um meloso liquidificador colorido em que se ameaça “pegar carona num disco voador” como prova amorosa. Para doar os ouvidos a isso, só mesmo tomando uma “pinga do ET”, vendida em barraquinha de beira de estrada, no município de São Tomé das Letras (cidade onde se pode encontrar ET em todos os tamanhos, materiais e formatos).
É possível entender que Palmeira estivesse mesmo morrendo de tédio em Agudos (à sua época – década de 1950 – a cidade não devia ter mais que 10 mil habitantes) e nem se deve estranhar que tenha tanta devoção mesmo quando se trate de “intervenção” (como diz) alienígena: “Os homens do nosso planeta dão a impressão/ De que não têm mais crença/ Em vez de fabricar remédio/ Pra curar o tédio e outras doenças/ Inventam bomba de hidrogênio/ Usam o seu gênio fabricando bomba/ Mas não se esqueçam/ que por mais que cresçam/ Que perante deus qualquer gigante tomba.” Os pobres alienígenas seriam também ovelhas do Senhor, saberiam de Adão e Eva, e se brincasse seria bem possível a existência de etêzinhos caipiras entediados, perdidos no cosmos, pobres pecadores decaídos, fazendo barrancagem com uma vaquinha sideral!
Isso tudo pode parecer apenas troça, mas estão aí Alto Paraíso, Casimiro de Abreu, Varginha e adjacências para pôr pulga nos incautos (esses tomés que nem sabem de São Tomé das Letras!).
Mês passado, porém, mês do cachorro louco, o Estado brasileiro decidiu vir a público e deixar claro sua posição sobre os discos voadores e os “moços” (para “tocar” Raul) que os tripulam. Mas, a Aeronáutica, com a sobriedade (!) que cabe a quem “anda” pelos ares, não quis fugir em um “disco voador” (a prudência exige, aliás, que não se empregue esses termos do vulgo), mas apenas estabelecer parâmetros meramente formais para o caso de “objeto voador não identificado” (poderia ser uma bruxa!, quem sabe?) ser avistado por um dos seus membros.
Roger Blandford, astrônomo britânico, diretor do Instituto de Astrofísica e Cosmologia da Universidade de Standford, EUA, em entrevista ao panfleto fascista Veja
Foi em 1955 que uma dupla caipira paulista – Palmeira e Biá – fez grande sucesso com uma música denominada “disco voador”. A música caipira nunca vira tamanho arroubo intergalático – “Tomara que seja verdade/ Que exista mesmo disco voador/ Que seja um povo inteligente/ Pra trazer pra gente a paz e o amor...” O que parecia, à primeira vista, ser algo distante das preocupações do homem do campo ou que parecia ser temerário ao bucolismo do “luar do sertão”, era então, por aqueles tempos, entoado positivamente. O vanguardismo de Palmeira e Biá (“Palmeira” – nome artístico de Diogo Mulero, nascido em Agudos/SP em 1918 e falecido em São Paulo/SP em 1967 – é autor da letra) deve ter causado perplexidade, visto que além da temática, na letra há inclusive gíria urbana – “tem gente que [...] acha que é fita os mistérios profundos” –, ainda que sob o reinado da viola.
Mais recentemente, aquelas mentes que não houverem sido acometidas de esquecimento supostamente decorrente de determinadas ervas lembrarão de Raul Seixas, em um quarto de pensão, tentando uma transmutação, dando como certa a existência do disco voador e de seus tripulantes, ecoando no ar um “oh!-oh!-oh!”, chamando de “seu moço” o tripulante do disco voador, pedindo que o levasse para quer que fosse. O desespero de Raul, louco para ser levado para uma das tantas estrelas por aí, é digno dos píncaros de São Tomé das Letras (e não de um mero quarto de pensão), onde há o mito sempre cultivado de que se conhece outras galáxias sem sair do lugar.
Mais recentemente ainda, os subterrâneos da radiofonia brasileira foram chacoalhados pela voz estridente da tatarana Joelma (de uma banda de forró cujo nome mais apropriado seria KY) dando conta de um meloso liquidificador colorido em que se ameaça “pegar carona num disco voador” como prova amorosa. Para doar os ouvidos a isso, só mesmo tomando uma “pinga do ET”, vendida em barraquinha de beira de estrada, no município de São Tomé das Letras (cidade onde se pode encontrar ET em todos os tamanhos, materiais e formatos).
É possível entender que Palmeira estivesse mesmo morrendo de tédio em Agudos (à sua época – década de 1950 – a cidade não devia ter mais que 10 mil habitantes) e nem se deve estranhar que tenha tanta devoção mesmo quando se trate de “intervenção” (como diz) alienígena: “Os homens do nosso planeta dão a impressão/ De que não têm mais crença/ Em vez de fabricar remédio/ Pra curar o tédio e outras doenças/ Inventam bomba de hidrogênio/ Usam o seu gênio fabricando bomba/ Mas não se esqueçam/ que por mais que cresçam/ Que perante deus qualquer gigante tomba.” Os pobres alienígenas seriam também ovelhas do Senhor, saberiam de Adão e Eva, e se brincasse seria bem possível a existência de etêzinhos caipiras entediados, perdidos no cosmos, pobres pecadores decaídos, fazendo barrancagem com uma vaquinha sideral!
Isso tudo pode parecer apenas troça, mas estão aí Alto Paraíso, Casimiro de Abreu, Varginha e adjacências para pôr pulga nos incautos (esses tomés que nem sabem de São Tomé das Letras!).
Mês passado, porém, mês do cachorro louco, o Estado brasileiro decidiu vir a público e deixar claro sua posição sobre os discos voadores e os “moços” (para “tocar” Raul) que os tripulam. Mas, a Aeronáutica, com a sobriedade (!) que cabe a quem “anda” pelos ares, não quis fugir em um “disco voador” (a prudência exige, aliás, que não se empregue esses termos do vulgo), mas apenas estabelecer parâmetros meramente formais para o caso de “objeto voador não identificado” (poderia ser uma bruxa!, quem sabe?) ser avistado por um dos seus membros.
Observe a portaria da Aeronáutica:
PORTARIA No- 551/GC3, DE 9 DE AGOSTO DE 2010
Dispõe sobre o registro e o trâmite de assuntos relacionados a "objetos voadores não identificados" no âmbito do Comando da Aeronáutica.
O COMANDANTE DA AERONÁUTICA, de conformidade com o previsto no inciso XIV do art. 23 da Estrutura Regimental do Comando da Aeronáutica, aprovada pelo Decreto nº 6.834, de 30 de abril de 2009, e considerando o que consta do Processo nº 67000.001974/2010-61, resolve:
Art. 1º As atividades do Comando da Aeronáutica (COMAER) relativas ao assunto "objetos voadores não identificados" (OVNI) restringem-se ao registro de ocorrências e ao seu trâmite para o Arquivo Nacional.
Art. 2º O Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA), como órgão central do Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA), é a organização do COMAER responsável por receber e catalogar os registros referentes a OVNI relatados, em formulário próprio, por usuários dos serviços de controle de tráfego aéreo e encaminhá-los regularmente ao CENDOC.
Art. 3º O Centro de Documentação e Histórico da Aeronáutica (CENDOC) é a organização do COMAER responsável por copiar, encadernar, arquivar cópias dos registros encaminhados pelo COMDABRA e enviar, periodicamente, os originais ao Arquivo Nacional.
Art. º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 6º Revoga-se a Nota No C-002/MIN/ADM, de 13 de abril de 1978 e o Aviso No S-001/MIN, de 28 de fevereiro de
1989.
Ten.-Brig. do Ar JUNITI SAITO
DOU, Seção 01, n. 152, terça-feira, 10 de agosto de 2010, p. 101.
Nem Palmeira nem Raul Seixas viveram para ver tanto. Tivessem eles vivido, quando ouvissem o KY “cantando” (!!!) o seu disco voador e vissem essa portaria da Aeronáutica, acabariam pedindo um disco voador – não desses que, segundo Roger Blandford, o astrônomo birtânico, assistem TV no espaço (imaginem, quanta merda não estamos atirando ao espaço... os ET’s devem estar enfastiados de jogos do Corinthians, programas de culinária, domingões e novelas pastelões) –, desses que se fazem com bastante cachaça, canela, açúcar e limão.
2 comentários:
jabá pra pinga do ET...tem uma dessas aí em presidente altino? (a com sassafrás já secou?)
Ainda temos um néctar de sassafraz para um pingo de lucidez. É só se achegar.
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