O professor é, antes de tudo, um sobrevivente. O sistema educacional brasileiro atual (ampla e majoritariamente dominado pelo ensino privado) é um lugar ingrato para qualquer professor, ainda mais para quem pretende ser educador (no sentido pleno do termo). Da falta de autonomia docente, aos baixos salários, à jornada imensa (para garantir a sobrevivência), ao desestímulo dos alunos (apenas guiados pelo ritmo da progressão continuada ou pelo diploma comprável), nada é romantizável. As contradições que caracterizam e definem a insossa vida cotidiana do nosso tempo estão todas presentes em cada sala de aula, não apenas em cada professor, mas em cada aluno. Assim como não cabem idealizações do professor (o "maestro do saber", como chegamos a supor quando crianças), também não cabem idealizações dos alunos ("o futuro da nação") e, muito menos da escola (faculdade/universidade): é na sala de aula - como observaram os professores franceses Pierre Bordieu e Jacques Passeron - que toda a maquinaria reificante das relações sociais, hierarquizadora e cruel, isso que as pessoas supõem algo tão abstrato quando falamos em modo de produção capitalista, se faz concretamente destrutiva. O professor, assim como outros, tantas vezes silenciado, não difere em nada dos seus alunos ou de quaisquer outros tantos (ou tontos), marionetes da divisão do trabalho... disperso por inutilidades absolutamente improdutivas, sem quaisquer sentido da obra, um professor é apenas um sobrevivente; o fato de ser professor não garante que alguém perceberá o absurdo deste mundo e a necessidade de transformá-lo, mesmo porque, enquanto se empenha em dar cabo às suas mercadorias - dar aulas (seja lá como forem estas), cumprir as burocracias acadêmicas, atender aos tantos que lhe interpelam por isto ou aquilo -, a vida segue, modorrentamente, sem que (mesmo ante a consciência do seu absurdo) um só passo seja dado para mudá-la... os dias passam: o cansaço, o salário, as contas, os juros, os prazos, as notas... E pensar? E agir? Quando?
Um comentário:
Marechal Panapaná, bem-vindo ao 'clube' desesperado dos escrevinhadores desesperados e sem nome com seu "Revolução Caraíba"... Saravá!
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